colunista do impresso

Obrigada, Santa Maria!

Nasci na manhã de uma quinta-feira de março e lá se vão mais de 40 anos. Foi ali, na maternidade do então Hospital Sampar, na Rua Floriano Peixoto. Creio que as datas mais importantes na vida de alguém são a da chegada e a da partida, são as únicas que ficam gravadas na lápide. Entre uma e outra, tudo que se possa fazer para que o mundo fique melhor na partida do que na chegada.

Quando recebi a ligação do Diário com a notícia de que meu nome figurava entre os Destaques, até achei que era engano. Nunca me passou pela cabeça estar naquela lista. Preciso então agradecer a todos que lembraram de mim. E é por isso que estou me apresentando, vai que tenha muita gente que anda se perguntando, quem é ela?

A minha infância foi em Erechim, norte do Estado, numa rua estreita chamada Gonçalves Dias, bem perto de um Parque Municipal, que na minha lembrança longínqua era mata fechada, com alguns caminhos, espaços para brincar e uma cerca que o separava de um clube. Nem sei se tudo isso é verdade ou imaginação, mas está guardado dessa forma.

Lá, estudei na Escola Campos Sales desde os quatro anos de idade - eu tinha pressa de ir para o colégio, então comecei cedo. Quando estava na 4ª série, entrei para o coral, já contei essa história aqui. Foi na 4ª série também que fiquei sem recreio um dia porque não lembrava parte da tabuada que a professora resolveu tomar da classe. Fui para casa muito triste e indignada, estudei a tarde inteira e nunca mais, na minha vida estudantil, passei aperto por causa da tabuada. Quando voltamos para Santa Maria, fui para a Escola Margarida Lopes e de lá para a UFSM. Depois do susto com a tabuada, me tornei uma das melhores alunas da turma.

Sou formada em Relações Públicas, uma das habilitações do Curso de Comunicação Social. Em todo o trabalho que me envolvi depois de formada, sempre procurei algum envolvimento com a comunidade, principalmente por meio da Escola, fosse buscando apoios para pintar as paredes, ilustrar os muros, plantas flores e árvores no pátio; fosse para levar as crianças ao Theatro Treze de Maio. Nossas atitudes, talvez sejam o que de melhor nos define.

Desde 2018 tenho trabalhado com a leitura nas escolas. "Leia para uma criança" é muito mais do que uma bonita campanha institucional, é dar a ela o direito de um futuro melhor, o direito de escolha, de viajar o mundo, de sonhar alto e saber que é possível. São mais de 10 mil crianças, pais e professores envolvidos em ações de promoção do livro e da leitura. E não é qualquer livro, é um acervo certificado pela Cátedra UNESCO de Leitura, com escritores como José Saramago, Clarice Lispector, Mário Quintana, Pedro Bandeira, Sylvia Orthof, entre muitos outros. Desde 2016 tenho oficinas de música em oito escolas municipais e uma estadual. As crianças, adolescentes e jovens aprendem a tocar acordeon. A iniciativa vai além da música, muito além. Mas tudo isso não faço sozinha, é trabalho de equipe.

Eu estou nas ações que me definem, seja lendo para as crianças, seja aplaudindo os gaiteirinhos ou colocando na plateia de grandes concertos adolescentes e jovens que nunca tiveram essa oportunidade, esse convite. É no outro que eu me vejo. Mas não se enganem, é por mim que eu faço isso. É para que eu possa crescer como pessoa, ser melhor hoje do que ontem, é para que eu possa me despir de preconceitos, de um pouco das minhas imperfeições, que eu faço isso. Acredito sempre que ganho mais do que eles, porque o outro me faz melhor, a cada ação, a cada dia. Aprendo sempre a empatia, a tolerância, a não julgar, o amor e a diferença que é possível fazer na vida de alguém, com tão pouco.

O meu agradecimento, de coração, a todos que lembraram do meu nome para Destaque Relação Comunitária e Cidadania. Como diz meu amigo Leonardo Gadea, prosseguimos.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Monções Anterior

Monções

A inclinação do perau Próximo

A inclinação do perau

Colunistas do Impresso